quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Concreto e cotidiano de SP são mote para desfiles

Alexandre Herchcovitch faz releitura do 'streetwear' usando seda e veludo

Ellus aposta em logos; modelos pintadas de Ronaldo Fraga criticam 'sonambulismo' de moradores das cidades
ANGELA BOLDRINIDE SÃO PAULOPEDRO DINIZCOLUNISTA DA FOLHA
Os principais estilistas e marcas que desfilaram no terceiro dia da São Paulo Fashion Week exploraram indiretamente as imagens e as transformações sociais das grandes cidades em suas coleções de inverno 2015.
O concreto da arquitetura modernista, o cotidiano de uma São Paulo molhada pela chuva e os tipos de humanos que transitam pelas ruas saltaram da passarela de Alexandre Herchcovitch.
A coleção do estilista é caprichada em materiais nobres, como a seda e o veludo, que se contrapõem à releitura elegante do "streetwear" proposto pelo designer.
Capas de chuva sobrepostas a xadrezes que remetem ao punk --movimento que, especula-se, terá retorno glorioso no próximo ano--, vazados quadriculados saídos das janelas dos prédios e uma confusão de cores típicas das metrópoles produziram a imagem mais interessante da temporada até agora.
A grife Ellus também desfilou na manhã de quarta (5) no mesmo local de Herchcovitch: a Praça das Artes, na av. São João, coração do centro da capital paulista.
Na coleção dos estilistas Adriana Bozon e Rodolfo Souza, as pinceladas do artista plástico Stephen Sprouse foram traduzidas em estampas que fazem par com a retomada dos anos 1980 e 1990 proposta pela dupla.
A logomania, explorada na inscrição Ellus São Paulo nas costas das jaquetas e dos vestidos bomber permeou boa parte da coleção.
O viés fetichista, comum à grife paulistana, esteve presente nos tops de fitas de couro um tanto sadomasoquistas e nas estampas de cobra das gangues urbanas.
O mineiro Ronaldo Fraga criticou a verticalização das cidades e o "sonambulismo" de seus moradores.
Pintadas de "vermelho raiva" de stress e com quatro olhos para acompanhar a rapidez do cotidiano, as modelos desfilaram looks com detalhes geométricos, muitos na cor cinza concreto.
Ronaldo criou uma coleção não só para a cliente adepta de suas estampas lúdicas e do trabalho manual dos bordados, mas também para aquelas que frequentam os coquetéis dos centros financeiros das grandes capitais.
Essa mulher moderna curte esportes e cuida do corpo. Nada mais correto do que o esportivo, tendência chave da temporada internacional, surgir na passarela paulistana.
Na coleção do estilista Vitorino Campos, a esportista mergulha no azul profundo da piscina. A cor é o fio que conduz a série de vestidos curtos e os looks elegantes com amarrações na cintura.
O estilista baiano, mestre em construções, aplica transparências no busto e assimetria na barra das saias e cria o "sportswear" mais sensual apresentado nesta estação. Folha, 06.11.2014.

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

De la Renta não era apenas 'um vestido bonito'



Estilista dominicano, morto na segunda (20), era o preferido das primeiras-damas e de estrelas de Hollywood

PEDRO DINIZCOLUNISTA DA FOLHA
O dominicano Oscar de la Renta, 82, era um dos últimos nomes de um tipo de estilista que, ironicamente, é cada vez mais escasso no mundo da costura: o que sabe costurar.
Se para criar roupas hoje não é preciso saber desenhar ou mesmo pregar um botão, o designer, morto nesta segunda (20) --a causa não foi divulgada--, nos EUA, ensinou que não bastam ideias ou programas de computador para criar o deslumbre, é preciso alinhavar o intangível à mão, antes que uma roupa se torne palpável.
A técnica versátil e a disponibilidade em ouvir o desejo das mulheres, e não os seus, fez com que desenhasse para todas as primeiras-damas americanas desde Jacqueline Kennedy, cujo guarda-roupa de festa era repleto de designers franceses e, ao apostar em De la Renta, o tornou reconhecido entre as americanas nos anos 1960.
Não há quem lhe tire esse posto, nem a atual primeira-dama Michelle Obama, que, mesmo optando por vestir os jovens designers americanos e já tendo sido bombardeada pelo próprio De la Renta, em 2011, ao usar um look da grife inglesa Alexander McQueen, trajou pela primeira vez um "vestido coquetel" (mais curto e acinturado) do estilista 12 dias antes de sua morte.
OSCAR E OSCAR
Ousadias e faro para as mudanças fizeram parte da sua trajetória. A primeira delas foi deixar o ateliê do seu mentor, o espanhol Cristóbal Balenciaga (1895-1972), em Madri, e mudar-se para Paris, o paraíso da alta-costura.
Depois, em 1963, deu um lance ainda mais alto: largou o sonho de Paris e mudou-se para Nova York, no país onde o prêt-à-porter começava a dar lucros e onde conquistou as estrelas de Hollywood.
Xará da premiação mais importante do cinema mundial, De la Renta era a opção segura das atrizes que não encontravam "a roupa perfeita" entre as opções de looks oferecidos pelos estúdios.
Certa vez, Stefano Gabbana, dupla de Domenico Dolce na grife italiana Dolce & Gabbana, disse: "Atrizes mudam de opinião a todo momento, se sentem inseguras facilmente. Acho um saco essas alterações de humor delas no Oscar, não tenho paciência". Oscar tinha.
Amy Adams, Jennifer Garner, Sarah Jessica Parker, Penélope Cruz, Cameron Diaz, Anne Hathaway. É longa a lista de mulheres que elegiam os vestidos suntuosos do estilista em vez das construções que tentavam ser inovadoras e podiam comprometer o resultado da atriz na lista das mais bem-vestidas.
A grande ousadia da sua cartilha, por fim, era não transformar radicalmente o corpo da mulher, mas sim deixá-la confortável e, como já disse a ex-secretária de Estado dos EUA Hillary Clinton, citando o amigo, "especial".
Ele próprio se divertia definindo a si mesmo como "um vestido bonito", disse ao New York Times. Contra um vestido bonito, De la Renta sabia, não há argumentos. Folha, 22.10.2014.
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segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Pijamaço em Paris

Na semana de moda mais importante do mundo, grifes de luxo mostram roupas que parecem feitas para dormir

PEDRO DINIZENVIADO ESPECIAL A PARIS
Você faz o tipo que usa camisola, lingerie sexy ou um bom e velho pijamão? Quem faz essa pergunta, que pode até parecer esdrúxula, são algumas das grifes de luxo e estilistas cujas apostas são disseminadas no varejo mundial.
Rochas, Dries Van Noten, Maison Martin Margiela, Nina Ricci, Chalayan, Yohji Yamamoto e a marca símbolo desse movimento, Christian Dior, promoveram um verdadeiro "pijamaço" na semana de moda de Paris.
Esta temporada de verão 2015 só termina na próxima quarta (1º), mas já mostrou que metade dos seus principais nomes quer vestir as clientes com versões elegantes, cheias de brocados e camadas de seda ou renda, do look de cama.
1970 x 1990
O tiro é certeiro. As referências são, em sua maioria, as mesmas que permearam as temporadas de Nova York, Londres e Milão: o romantismo libertário e florido dos anos 1970 --década-chave dos desfiles na cidade italiana--, o "streetwear" dos 1990 --que definem boa parte das coleções desde a temporada passada-- e, em menor grau, o militarismo um tanto austero dos 1940.
No entanto, ao retroceder o relógio da moda até os séculos 18 e 19, épocas em que as roupas eram verdadeiras instalações de arte com detalhes minuciosos de fios de ouro e rendas do tipo chantilly, os estilistas aproximam o prêt-à-porter (o "pronto para vestir" produzido em série) da alta-costura.
Dries Van Noten criou a hippie elegante e colorida com seus pijamas meio século 19 meio anos 1970, mas foi a desconstrução do robe francês do século 18 capitaneada pelo belga Raf Simons, da Christian Dior, que alçou essa festa do pijama a baile de gala.
Simons reconstruiu o velho pensando no futuro ao misturar os casacos masculinos da realeza do século 18 com bermudas esportivas --o esporte, vale lembrar, é tendência absoluta nas passarelas-- e apostando em "camisolões" brancos com vazados de renda.
O "pijamismo" em Paris pode ser visto como extensão da macrotendência fashion desta década, o "normcore".
NORMALISMO
O conceito foi criado pela agência brasileira Box1824, do publicitário Rony Rodrigues, em parceria com o coletivo americano de arte K-Hole. O "normcore" define a onda normal, sem firulas, leve e desprendida dos padrões de consumo imediato que os jovens devem adotar em suas vidas.
Ele desemboca nessa moda sonolenta, "pijamista" e quase relaxada --não fosse o trabalho minucioso de construção da roupa, cheias de recortes e aplicações.
"Eu usaria só pijama se pudesse", confidenciou uma importante diretora de revista no pé do ouvido deste colunista. Não é só ela.
A Maison Martin Margiela, principal grife da ala "minimalista de vanguarda" da semana de moda, sabe que as transparências dos vestidos camisola e dos robes beges, amarrados na cintura e combinados com bermudas de alfaiataria, podem fazer a cabeça das modernas.
ERÓTICA
Modernas que amam os logos dos anos 1990 e, agora, podem combiná-los com as camadas de renda da camisola do século 19 com toques esportivos da grife Rochas. Um "R" estampa parte dos looks da coleção do estilista Alessandro Dell'Acqua.
O cipriota Hussein Chalayan, por sua vez, entende que, nessa volta à essência do básico, a natureza tem um papel fundamental na vida das pessoas. Em sua coleção, os "pijamas" com verde floresta fazem par com as referências à arquitetura dos mouros.
Até a grife italiana Nina Ricci se rendeu a essa festa do pijama "normcore". Mesmo tendo apostado em peças típicas dos anos 1940, como a saia justa até o joelho e blazers mais fechados, contrapõe o peso da década da Segunda Guerra com alguns vestidos rendados, quase como lingerie erótica. 

Estilista usa técnica de 3D em tecido elástico

DO ENVIADO A PARIS
As técnicas de 3D aplicadas na moda vieram para ficar. Prova disso foi o desfile da grife japonesa Issey Miyake, que levou à sua passarela de verão 2015, na sexta (26), durante a semana de moda de Paris, um tecido elástico que saltava em formato de origami do corpo da mulher.
O estilista da grife e pupilo de Miyake, Yoshiyuke Miyamae, que assumiu em 2011 a direção da marca após a aposentadoria do fundador, é mestre na construção de roupas produzidas a partir de conceitos geométricos e esteve à frente do desenvolvimento do tecido.
Sob sua batuta, a Issey Miyake produziu coleções ovacionadas pelo caráter inovador. Na temporada passada, Miyamae criou uma bolsa que, quando aberta, virava um vestido.
"O grande desafio é manter essa simplicidade, essa moda divertida que ele [Issey Miyake] pregava acima de tudo", conta o estilista à Folha.
"Nesta coleção, eu desenvolvi todos os vestidos a partir de programas de computador para ter essa exatidão do movimento e das formas."
As modelos desfilavam vestidos com relevos e recortes assimétricos perfeitamente posicionados no colo e em pontos da barra.
O "pleats please", os plissados que são o maior legado de Issey Miyake na moda, apareceram pontualmente em vestidos de cores vivas, como os que misturavam tons de laranja e amarelo.
PERFORMANCE
Em seu desfile, performático, a artista sonora japonesa Ei Wada, membro do grupo de musicistas Open Reel Ensemble, criava sons a partir de rádios vintage.
Quando acionados por ela, a partir de um piano, eles moviam balões de hélio para criar um som semelhante a um zumbido de rádio.
"Os shows têm de ser uma extensão do que você propõe compartilhar com as pessoas a partir das roupas", afirma Miyamae. Folha, 29.09.2014

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Alexander Wang desafia o equilíbrio

A lista de tudo o que o estilista Alexander Wang, 30, não aparenta ser é longa. À primeira vista, ele não passa a impressão de ser uma figura simbólica.
Não tem a aparência de alguém capaz de mudar os padrões vigentes no setor em que atua. Não se parece com o diretor de uma maison parisiense famosa. Não tem jeito de ser alguém que faz malabarismos com grifes, pessoas e responsabilidades.
Ele parece um clubber que se veste de preto. Mas, se a moda nos ensina algo, é que as aparências enganam. Porque Alexander Wang é todas as alternativas acima.
Em 2012, cinco anos depois de inaugurar sua grife própria, que leva seu nome, e virar queridinho da moda em Nova York, Wang chocou o mundo da moda quando também foi nomeado diretor criativo da Balenciaga, tornando-se não apenas o primeiro americano em mais de dez anos a comandar uma maison francesa como o primeiro designer desde a recessão a tentar comandar duas grifes.
Hoje, ele passa seu tempo voando entre Paris e Nova York, morando num apartamento em Manhattan e um hotel cinco estrelas em Paris e alternando-se entre uma empresa familiar e um conglomerado gigante (a Balenciaga pertence ao grupo Kering, também dono da Saint Laurent, da Gucci e da Alexander McQueen).
Com isso, Wang virou foco de uma discussão. "A pergunta é: até que ponto um estilista é capaz de ter duas cabeças?", disse Robert Burke, ex-diretor de moda da Bergdorf Goodman.
No início de sua quarta temporada no comando de duas grifes, Wang também começou a criar uma coleção para a H&M. "Para fazer isso tudo funcionar, tem sido importante aprender a me desapegar", comentou recentemente.
De um lado estão aqueles para quem concentrar-se em uma maison apenas é a melhor maneira de garantir o sucesso. Em outubro, Marc Jacobs deu fim a 16 anos de Louis Vuitton para concentrar-se em sua marca própria.
A Hermès escolheu seu primeiro diretor artístico de moda feminina em 14 anos para não ter outra grife e Riccardo Tisci, que fechou sua grife própria quando foi trabalhar para a Givenchy, em 2005.
Do outro lado, estão nomes mais jovens que, como Wang, pensam que dois pode ser melhor que um. Jonathan Anderson, que completa 30 este mês, foi nomeado diretor criativo da Loewe no fim de 2013 e conservará sua grife própria.
Jason Wu, 31, com sua própria marca, foi nomeado diretor criativo de moda feminina da Hugo Boss em 2013, e Jeremy Scott, 39, que no ano passado assumiu a Moschino além de sua grife.
Os membros do grupo novo simplesmente são jovens demais para conhecer seus limites? Ou estará ocorrendo uma mudança fundamental de paradigma?
"No primeiro momento, senti medo, é claro", disse Wang. "Quando a Kering me procurou, num primeiro momento eu disse 'não'. Quando comecei a pensar seriamente no assunto, ninguém me falou que eu estava louco, mas que eu precisaria me proteger."
Alexander Wang foi criado em San Francisco e abandonou a Parsons the New School for Design em 2007, depois de dois anos, para criar seu próprio negócio, que desde então cresceu e passou a incluir moda masculina e uma linha menos cara, a T by Alexander Wang.
"O mais importante é ter uma visão muito forte e saber articular essa visão", comentou Simon Collins, diretor de moda na Parsons. "Se você vai trabalhar em duas maisons, não pode colocar-se simplesmente como observador, assistindo à evolução delas."
O estilista Michael Kors, que entre 1997 e 2004 também foi diretor criativo da Célina, opinou: "O que é preciso é sobretudo resistência".
Num primeiro momento o mundo da moda especulou que a contratação de Wang pela Balenciaga assinalaria que a marca de alta-costura ia "descer de seu pedestal altivo", como escreveu Suzy Menkes no "International New York Times".
François-Henri Pinault, o executivo-chefe da Kering, disse que foi exatamente a diferença entre a grife de Alexander Wang e a Balenciaga que fez a empresa voltar sua atenção ao estilista.
"Analisamos com cuidado se as grifes eram compatíveis ou competitivas. Vimos a grife dele como sendo tão diferente, em termos de mercado e identidade criativa, que não seria um problema."
Na verdade, a impressão que se tem é que o acesso de Wang ao ateliê e às fábricas da Balenciaga refinou sua grife própria; sua última coleção foi nitidamente mais sofisticada que as anteriores. 
É possível que Wang decida que, para sua marca explodir, ele precisa dedicar-se a ela com exclusividade. Ou então que ele precisa de um tipo de equilíbrio diferente.
"Pode ser que em algum momento eu queira ter mais vida pessoal", ele disse, "ou que eu pense 'não aguento mais embarcar em aviões', mas não defini um limite. Quando penso em parar e voltar a fazer apenas Wang...". Ele fez uma pausa. "Não sei como eu faria. Não consigo imaginar." 

Internautas mostram estilos do hijab

Por HANNAH SELIGSON

Alguns anos atrás, Ascia Farraj ficava frustrada ao acompanhar a blogosfera da moda. Como islâmica que usa o véu conhecido como hijab, ela raramente via alguém com quem se identificasse. Apaixonada pela moda em uma cultura conservadora, decidiu criar um blog próprio.
Hoje, Farraj, 24, tem quase 900 mil seguidores em sua conta do Instagram, ascia_akf, que acompanham seus modelos de roupas com muito estilo, mas discretas, de marcas como Diesel e BCBG (alguns dos posts são patrocinados por empresas no Kuait, onde mora).
Não faz muito tempo, era considerado radical que uma mulher muçulmana postasse sua foto on-line, disse Farraj. "Fui uma das primeiras blogueiras com foco em estilo pessoal a mostrar o rosto."
De acordo com o Alcorão e a Suna, as mulheres têm de cobrir o corpo e só podem mostrar mãos, pés e rosto.
Mas algumas jovens decidiram que austeridade não significa ficar fora de moda. As redes sociais, e o Instagram em particular, são uma oportunidade de conseguir uma fatia do espaço da moda reservado a quem expõe mais a pele ou usa roupas coladas no corpo.
"Um monte de garotas muçulmanas que usavam o hijab cansaram de ouvir que não podiam estar na moda ou que tinham mesmo de ser deselegantes ou não ter muitos cuidados ao se vestirem", disse Melanie Elturk, 29, fundadora do Haute Hijab, empresa de Chicago que tem uma página no Instagram repleta de mulheres sorridentes usando lenços brilhantes, e de modo algum parecendo deselegantes.
Yasemin Kanar, 25, blogueira de moda e empresária criada em Miami, tem vídeos sobre hijabs que já foram vistos mais de 1 milhão de vezes. Sua conta no Instagram, YazTheSpaz89, tem mais de 77 mil seguidores.
"As pessoas hoje estão tentando se destacar com seu estilo", disse Kanar, que estudou biologia na Universidade Internacional da Flórida. "Elas não querem parecer umas com as outras."
O hijab costumava ser visto no Ocidente de forma a alimentar controvérsias e conduzir ao estereótipo das mulheres muçulmanas como oprimidas. O Instagram parece mudar a discussão ao focar na estética do véu.
"Dez anos atrás, se você dissesse que estava usando um hijab por questão de moda, as pessoas iriam rir de você", disse Zulfiye Tufa, 24, fundadora do Hijab Stylist, com sede em Melbourne, na Austrália, e que planeja introduzir uma linha própria de moda no último trimestre deste ano.
Todos os dias Tufa posta um "selfie" com hijab para seus mais de 16 mil seguidores no Instagram. "As pessoas costumavam sentir pena de nós e pensavam que devíamos estar com vergonha de nós mesmas por termos de nos cobrir", disse ela.
"Mas agora elas veem todas essas fotos em que estamos sorrindo e parecendo felizes e na moda, e compreendem que ele não é um sinal de opressão."
Mas há tensões entre a moda e a fé. Ao postar suas fotos, Kanar, como outras blogueiras do hijab, se tornou um alvo no debate sobre moda e religião. Um comentarista disse a Kanar que ela deveria ficar em casa com o marido em vez de ir para a internet.
Souheila al-Jadda, 39, editora do "The Islamic Monthly", situa a explosão do hijab nas redes sociais num meio termo entre os valores americanos e os muçulmanos. "Como você concilia os dois?" ela pergunta. "Isso é algo que as pessoas jovens terão de dimensionar."
Por ora, algumas dizem que o Instagram as protege de ataques violentos em termos de julgamento moral, porque a geração mais velha não se inseriu plenamente nessa rede social do mesmo modo que no Facebook. "Os idosos não sabem o que acontece no Instagram", disse Elturk. NYT, 23.09.14

Moda se rende a ambientes mais casuais

RESENHA - GUY TREBAY

O grande desafio para estilistas de moda masculina é causar impacto dentro de um leque limitado de opções e sem recorrer a macetes óbvios. Esse desafio foi encarado mais uma vez no início deste mês, c

om o início da temporada de desfiles de moda masculina para a primavera de 2015.
As criações apresentadas levam em conta uma geração de consumidores que está entrando no mercado de trabalho e introduzindo novos hábitos nos espaços profissionais, como não usar mais terno e gravata.
Esse é um indício de que no futuro o uniforme de trabalho poderá incluir até blusões de moletom.
Essa tendência já é visível aqui no jornal. Quando entrei na equipe de resenhistas em 2000, a redação era dominada por homens de meia idade com camisas brancas e gravatas.
Agora, é povoada por um grupo mais jovem e diversificado de jornalistas, os quais podem vir trabalhar de terno e gravata ou com roupas esportivas.
Os estilistas já haviam percebido isso. Nos desfiles de dez estilistas independentes houve obviamente algumas roupas estruturadas e algumas releituras insossas de criadores como Jessy Heuvelink, da grife sueca J. Lindeberg, que tentou reanimar a velha temática roqueira.
Todavia, alguns estilistas, como o talentoso hondurenho Carlos Campos, mostraram criações mais promissoras que representam um meio termo entre técnicas de alfaiataria tradicionais e uma linguagem estilística mais orgânica, com elementos casuais e esportivos.
Inspirada em desenhos feitos nas ruas pelo artista espanhol Eltono, a coleção de Campos tem padrões gráficos arrebatadores, jaquetas de neoprene e ternos com calças mais curtas, evocando criações recentes do estilista Neil Barrett, de Milão, porém com mais senso de humor.
No entanto, os blusões de moletom com colagens certamente serão adotados por algum tempo.
Listras grossas como faixas pintadas no asfalto foram sobrepostas nesses blusões de uma maneira que os faz parecer não apenas plausíveis, como lógicos, para se usar no trabalho ou nas horas de lazer.
Campos também deu um toque travesso às calças, inclusive de ternos, dotando-as de bainhas iguais às de calças de moletom.
Outros destaques divertidos foram a coleção elegante de David Hart, inspirada nos modernistas de Palm Springs e com tons pastéis de deserto; e a do estilista argentino Lucio Castro, cujo tema foi um verão soviético, que brinca com a dualidade dos prazeres litorâneos sensuais em meio à austeridade paranoica da Cortina de Ferro.
"Steve Jobs [co-fundador da Apple] mudou o conceito de trabalho e do vestuário de pessoas 'bem-sucedidas'", disse Castro, cujos modelos desfilaram diante de um tecido leve no qual eram projetadas cenas litorâneas, enquanto um acordeonista tocava canções melancólicas.
Ele apresentou apenas um terno, e os pontos altos do desfile foram calças e blusões esportivos feitos com antigas toalhas de praia com logos como Croácia, Letônia e Belarus.
"Nós e nossos amigos não usamos terno para trabalhar", disse Timo Weiland, dono da grife homônima.
A marca apresentou uma coleção descontraída, com a criação a cargo de Alan Eckstein e Donna Kang, com ternos com bermuda, calças fluidas com grafismos e capas de chuva que parecem feitos de encomenda para uma geração de homens que se sentem à vontade tanto fazendo negócios na praia quanto em um Starbucks ou em uma sala de reuniões. NYT, 23.09.14

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Modelo Andreja Pejic muda de sexo e começa nova fase

Andreja Pejic tem 1,85 metro e outros requisitos para ser modelo, incluindo cabelos louros abaixo dos ombros, lábios carnudos, cintura fina e duas pintas charmosas acima do lábio superior. Vale lembrar que Cindy Crawford tem apenas uma pinta.
A grande diferença entre Pejic e outras jovens que brilham nas semanas de moda mundo afora é que ela já teve uma carreira bem-sucedida como o modelo masculino Andrej Pejic.
Agora, após meses afastada das passarelas, ela está ansiosa para saber se o mundo da moda a aceitará como mulher.
Há quatro anos, Pejic chegou à Europa e se tornou a coqueluche de editores e estilistas, sobretudo aqueles com um viés rebelde.
Seu primeiro trabalho profissional lhe rendeu a capa da revista de moda australiana "Oyster" e, em sua primeira temporada em Paris ela entrou no elenco de modelos de estilistas de moda masculina como Paul Smith, John Galliano, Raf Simons e Jean-Paul Gaultier, o qual se tornou um grande apoiador.
"Eu ficava muito bem de terno", comentou Pejic.
Mastrangelo Reino - 4.jun.2011/Folhapress
Andrej Pejic na festa da grife Auslander, na casa Franklyn, em foto de 2011
Andrej Pejic na festa da grife Auslander, na casa Franklyn, em foto de 2011
A androginia sempre foi um elemento forte no interesse que ela desperta. Quando era mais jovem, hesitava entre assumir sua feminilidade e escondê-la.
Na infância, ficou em um campo de refugiados na Sérvia durante a guerra da Bósnia, e depois se radicou na Austrália.
Mas o que Pejic não revelou a seus agentes é que sua androginia foi parcialmente causada pelo Androcur, um hormônio sintético que ela tomava para frear seu desenvolvimento.
Ela já havia iniciado em segredo um tratamento para sua disforia de gênero e lançou-se como modelo para conseguir dinheiro para a transição sexual.
No entanto, ela temia que essa carreira, adotada inicialmente para viabilizar sua mudança de sexo, a afastasse disso. "Eu telefonava para minha mãe e dizia: 'Quem vai me aceitar como mulher se todo mundo sabe que sou homem?'"
Nas temporadas seguintes, porém, Gaultier não só a convidou para seu desfile de moda masculina, mas também para encerrar seu desfile feminino no papel de destaque da noiva.
Daí em diante, Pejic não parou de trabalhar posando para ensaios de moda masculina e feminina em revistas.
Pejic era requisitada por revistas que queriam fotografá-la com roupas femininas e também com roupas masculinas. A imprensa se desdobrava para explicar sua beleza intrigante.
A "New York Magazine" a estampou na capa de sua edição sobre moda outono em 2011, descrevendo-a como "o rapaz mais bonito do mundo".
A vida andrógina pode até ter sido satisfatória por algum tempo. Porém, cansada de adiar seu sonho, ela resolveu fazer a cirurgia de mudança de sexo.
"Eu não tinha certeza das consequências disso para minha carreira", comentou ela.
"Alguns agentes me diziam para desistir disso, pois eu poderia perder tudo o que havia conquistado."
Mas, no final do ano passado, ela encontrou um cirurgião.
Hoje em dia, modelos transgêneros estão se tornando mais comuns e assumidos. A modelo brasileira Lea T, que é a musa de Riccardo Tisci, da Givenchy, estrelou campanhas publicitárias e desfiles da grife.
Ryan Pfluger/The New York Times
Andreja Pejic em Nova York, em setembro deste ano
Andreja Pejic em Nova York, em setembro deste ano
Em janeiro, a Barneys New York lançou uma campanha publicitária com modelos transgêneros que fez muito sucesso. Pejic, porém, é a única que reconhecidamente fez a mudança de sexo.
"No início, eu me preocupava com o fato de haver tantas fotos minhas por aí como rapaz. Agora sei que meu passado não me torna menos feminina e posso me orgulhar disso. Não preciso enterrar esse passado."
Mas será que empresas estabelecidas irão investir em uma mulher transgênero para representar suas marcas? "Certamente existe a possibilidade de uma rejeição", disse James Scully, que seleciona modelos para os desfiles de Carolina Herrera, Derek Lam, Tom Ford e Stella McCartney.
Pejic está ansiosa para descobrir. "Minha estratégia agora mudou", disse ela.
"Quero partir para algo mais clássico. Mostrar ao mundo que posso ser acessível, em vez de ser vista como um ET conforme eu me senti durante grande parte da minha carreira. Eu tinha sucesso e era adorada, mas também era considerada um ser estranho. Quero provar que tenho capacidades como qualquer outra modelo e ser tratada e respeitada da mesma forma." 

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Mudanças marcam começo de semana de moda de Paris

Diretor do principal evento do calendário, Didier Grumbach sai após 16 anos

Encontro começa hoje sem estilista Jean Paul Gaultier, que deixa passarelas e foca em perfume e alta-costura
PEDRO DINIZCOLUNISTA DA FOLHA
Mais importante e última cidade da temporada internacional de semanas de moda, que inclui Nova York, Londres e Milão, Paris começa nesta terça-feira (23) sua edição de verão 2015 com mudanças que refletem o momento incerto e melancólico pelo qual a moda atravessa.
Eterno "enfant terrible" da costura francesa, o estilista Jean Paul Gaultier, 62, anunciou há uma semana sua retirada das passarelas parisienses e do prêt-à-porter para focar na linha de alta-costura e de perfumes que levam seu nome.
Após quase 40 anos vendendo as roupas feitas em série --que são característica do prêt-à-porter e bem mais acessíveis que os vestidos de alta-costura, feitos sob encomenda a um cliente específico--, ele fechará sua operação mundialmente. Sua última coleção completa será desfilada no próximo sábado (27).
Em comunicado, Gaultier diz que é um "novo começo" em sua carreira, no qual poderá expressar novamente sua criatividade "completamente e sem obstáculos".
Conhecido por criar o sutiã cônico (e icônico) da turnê Blonde Ambition (1990), de Madonna, o estilista também foi responsável pela maioria dos figurinos da filmografia do cineasta espanhol Pedro Almodóvar.
Tornaram-se lendários os vestidos criados para personagens como Andrea Caracortada, vivida por Victoria Abril em "Kika", de 1993, e Zahara, travesti encarnado por Gael García Bernal em "Má Educação" (2004).
Didier Grumbach, 77, presidente da Federação Francesa de Alta-Costura e Prêt-à-Porter dos Costureiros e Criadores de Moda há 16 anos, responsável pela semana de moda de Paris, cede a vaga para Ralph Toledano, 61.
Grumabach foi responsável por manter a aura vanguardista e conceitual das coleções desfiladas em Paris, estreitando as relações das universidades com o mercado e dando suporte para que jovens criadores apresentassem suas coleções.
A saída de Gaultier da programação e a entrada de Toledano, alto executivo do grupo espanhol Puig --que faz perfumes para grifes como Nina Ricci e Carolina Herrera--, é reflexo das mudanças que a moda francesa precisa fazer para sobreviver em um mercado que vende mais perfumes do que roupas.
Entre 2008 e 2012, no auge e na recuperação da crise econômica mundial, a indústria cosmética cresceu 4,1%, de acordo com dados da consultoria Bain & Company. Já a de roupas enfrentou queda generalizada nas vendas e obrigou as marcas a expandirem sua operação para países emergentes, como o Brasil.
O grupo francês LVMH, dono das grifes Louis Vuitton e Givenchy, amargou queda de 3% nas vendas no primeiro trimestre de 2010 e só não fechou o ano com déficit devido à venda dos cosméticos. Folha, 23.09.2014.
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quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Terninhos, vestidos florais e looks esportivos dominam semana de moda da cidade, mas nas ruas impera a volúpia de Kim Kardashian

Tipinhos de NY

PEDRO DINIZ - ENVIADO ESPECIAL A NOVA YORK
Ela não está na primeira fila dos desfiles chiques. Seu corpo voluptuoso, escancarado em vestidos curtos que marcam seios e glúteos, também lhe impede de subir na passarela. Mas Kimberly "Kim" Kardashian está na cabeça dos estilistas, no corpo das fashionistas e, como um fenômeno social, redefine o conceito de sucesso da classe média americana.
Recém-casada com o rapper Kanye West, estrela do próprio reality show (o "Keeping up with the Kardashians", do canal E!), protagonista de "sex tape" vazada na internet e campeã de selfies no Instagram, Kardashian é amada pelas jovens sem convite na porta do Lincoln Center, local da maioria dos desfiles da semana de moda de Nova York.
Vestida com um top cropped e saia de cintura alta, a estudante Danielle Jones, 17, iria, após selfies com uma amiga, comprar roupas na Dash. A butique, na região do Soho, vende a linha de Kim, a Kardashian Kollection. "Eu amo a Kim. Ela é meu ícone de estilo", diz Jones.
O "Kim way of life" não está explícito e tampouco é assumido na passarela nova-iorquina, reino de três estilos bem definidos na temporada de verão 2015: o "ladylike", o "preppy" e o esporte chique.
O padrão dessa lady é comportado e bebe da fonte do romantismo dos anos 1950 e suas saias mídi. Agora, é remixada em peças mais soltas do corpo, com traços de 1960.
No auge da doçura, a mocinha apareceu renovada, na segunda (8), nos vestidos florais e nos borrifos aquarelados das roupas da estilista venezuelana Carolina Herrera.
Tribo onipresente, mas algo em baixa em Nova York, os "preppies" (almofadinhas; o termo vem das escolas preparatórias para o vestibular frequentadas pela elite americana) e seus terninhos remontam aos anos 1970.
A estética encontra no estilista Tommy Hilfiger seu maior defensor. Ele diz que Kim é resultado da superexposição promovida pelas mídias sociais e que sua marca tem de se adaptar a isso, mas sem perder a identidade.
A solução foi adicionar em sua coleção alguns shorts curtos e sutiãs de biquíni para suas clientes mais Kim. Em seu desfile, Hilfiger montou um festival de rock típico dos anos 1970, com música ao vivo e flores na passarela.
Ali estavam os casacos fechados de inspiração militar --pense no look dos Beatles no período Sgt. Peppers-- e a alfaiataria própria ao "preppy".
O português Felipe Oliveria Batista, diretor criativo da grife francesa Lacoste, não vê em Kardashian uma ameaça aos bons costumes na moda. "Dirijo uma marca democrática. A cliente da Lacoste, porém, não tem Kim como referência de estilo", diz ele.
Então seria possível a Lacoste, amada por tenistas e melhor imagem do look esportivo do próximo verão, render-se às curvas da Valesca Popozuda do hemisfério norte? "Nunca. Temos de lutar contra isso", brinca Batista.
ESTILO NOVA YORK
Três hits das passarelas e um das ruas

'LADYLIKE'
Como uma moça de família

- Magra, bem magra
- Vestidinho com cintura marcada mas cobrindo bem os seios
- Usa saia mídi, até pouco abaixo do joelho e armada, tipo um bolo
- Cores claras
- Estampas têm de ser floridas e as cores sempre doces, como as do macaron

Estilista preferido
Carolina Herrera

'PREPPY'
Estilo do seriado 'Gossip Girl' e da elite das escolas preparatórias de Nova York

- Estilo náutico (roupas com listras) e camisa de alfaiataria.
- Usa blazers com insígnias ou brasão no bolso da frente ou um lenço
- A calça não é muito justa e é dobrada até o calcanhar
- Sapato fechado, tipo mocassim ou bico redondo

Estilista preferido
Tommy Hilfiger

KIM KARDASHIAN
A panicat dos americanos

- Mulher malhada
- Saia curta, com a bunda marcada no tecido
- Busto bem aparente
- Parte do sutiã aparente
- Óculo escuros grandes
- Top cropped, mostrando a barriga

ESPORTE CHIQUE
Um blend do 'preppy' com 'ladylike'

- Shorts curtos de corrida ou vestidos soltos
- Tênis de grife
- Moletom amarrado na cintura

Estilista preferido
Lacoste


Festa badalada marca estreia de estilista em grife

DO ENVIADO A NOVA YORK
A italiana Donatella Versace, da Versus Versace, armou no domingo (7) uma festa disputada para apresentar a primeira linha desenhada pelo belga Anthony Vaccarello, rei das pélvis aparentes no tapete vermelho.
Após as modelos, travestidas de deusas helênicas com inspiração da art decó, desfilarem as fendas, os vestidos curtíssimos e a alfaiataria precisa do estilista, a festança rolou solta no primeiro andar de um prédio em Midtown.
Na laje, Donatella, cercada por quatro seguranças, passava reto pelos mortais para chegar a seus convidados vips. "Onde está Rihanna?", perguntava à sua equipe. Encontrou a cantora --tentando manter na linha a minissaia rosa que subia-- rodeada por uma infinidade de bebidas.
Naomi Campbell também se divertia rodeada por copos e amigos, como as atrizes Nina Dobrev ("Vampire Diaries") e Jennifer Hudson. Houve quem chegasse perto, recebendo logo o olhar arrasador de Naomi e sumindo do sofá tomado por beldades.
Vaccarello falava pouco. "Minha marca e a de Donatella são parecidas, prezam muito pela mulher e por sua feminilidade", disse ele à Folha. 10.09.2014
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quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Capital da moda mundial, NY dá largada à temporada de desfiles

Mais pop das semanas fashion, reunirá 'it girls' e 'neohipsters'

PEDRO DINIZCOLUNISTA DA FOLHA
Prepare-se para a torrente de "selfies". Começa nesta quinta (4) o ápice da autopromoção, da pose, da ostentação e do ufanismo fashionista do hemisfério norte: a semana de moda de Nova York.
Eleita em fevereiro a capital da moda mundial pelo site Global Fashion Monitor, referência para a indústria por monitorar as mudanças nos maiores polos de consumo do mundo, a cidade abrigará os primeiros desfiles da temporada internacional de verão 2015.
Desfilarão ali grifes famosas entre as "it girls" e os "bon vivants" do lado a leste do Central Park e entre os "neohipsters" da boêmia Williamsburg. Todos os personagens clichês que inspiraram séries como "Gossip Girl" e "Sex and the City" irão se aglomerar ali, no prédio do Lincoln Center, onde ocorrem os desfiles, até o próximo dia 11.
Ralph Lauren, Tommy Hilfiger e Lacoste, marcas campeãs de vendas de camisetas polo no Brasil, irão apresentar suas apostas para as mulheres. Michael Kors, grife desejada pelas executivas de Wall Street, também.
Mais pop das "fashion weeks" --a programação inclui shows, exposições e festinhas em lajes vip--, a semana de moda de NY é a que mais se assemelha à de São Paulo.
Nada de lançar conceitos ou quebrar padrões de estilo como propõem Paris e Milão. Na passarela nova-iorquina, a ordem é mostrar o que o consumidor desejará na vitrine.
As previsões dos gurus das tendências apontam para a continuidade da influência esportiva --shorts, tênis e blusas típicas dos atletas deverão ganhar novas roupagens-- e uma mistura de referências do período entre as décadas de 1940 e 1970.
"Haverá também um retorno da androginia, só que com mais contornos femininos. Os 1960 serão uma influência [nesse novo direcionamento]", afirma a diretora de passarela do portal de tendências inglês WGSN, Lizzy Bowring.
Ela acrescenta: "As cores pastéis, mais doces, ajudarão a dar esse toque feminino, ao passo que também teremos o novo P&B, que trará tons de cinza misturados ao preto e ao branco". Folha, 04.09.2014.
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