terça-feira, 23 de setembro de 2014

Mudanças marcam começo de semana de moda de Paris

Diretor do principal evento do calendário, Didier Grumbach sai após 16 anos

Encontro começa hoje sem estilista Jean Paul Gaultier, que deixa passarelas e foca em perfume e alta-costura
PEDRO DINIZCOLUNISTA DA FOLHA
Mais importante e última cidade da temporada internacional de semanas de moda, que inclui Nova York, Londres e Milão, Paris começa nesta terça-feira (23) sua edição de verão 2015 com mudanças que refletem o momento incerto e melancólico pelo qual a moda atravessa.
Eterno "enfant terrible" da costura francesa, o estilista Jean Paul Gaultier, 62, anunciou há uma semana sua retirada das passarelas parisienses e do prêt-à-porter para focar na linha de alta-costura e de perfumes que levam seu nome.
Após quase 40 anos vendendo as roupas feitas em série --que são característica do prêt-à-porter e bem mais acessíveis que os vestidos de alta-costura, feitos sob encomenda a um cliente específico--, ele fechará sua operação mundialmente. Sua última coleção completa será desfilada no próximo sábado (27).
Em comunicado, Gaultier diz que é um "novo começo" em sua carreira, no qual poderá expressar novamente sua criatividade "completamente e sem obstáculos".
Conhecido por criar o sutiã cônico (e icônico) da turnê Blonde Ambition (1990), de Madonna, o estilista também foi responsável pela maioria dos figurinos da filmografia do cineasta espanhol Pedro Almodóvar.
Tornaram-se lendários os vestidos criados para personagens como Andrea Caracortada, vivida por Victoria Abril em "Kika", de 1993, e Zahara, travesti encarnado por Gael García Bernal em "Má Educação" (2004).
Didier Grumbach, 77, presidente da Federação Francesa de Alta-Costura e Prêt-à-Porter dos Costureiros e Criadores de Moda há 16 anos, responsável pela semana de moda de Paris, cede a vaga para Ralph Toledano, 61.
Grumabach foi responsável por manter a aura vanguardista e conceitual das coleções desfiladas em Paris, estreitando as relações das universidades com o mercado e dando suporte para que jovens criadores apresentassem suas coleções.
A saída de Gaultier da programação e a entrada de Toledano, alto executivo do grupo espanhol Puig --que faz perfumes para grifes como Nina Ricci e Carolina Herrera--, é reflexo das mudanças que a moda francesa precisa fazer para sobreviver em um mercado que vende mais perfumes do que roupas.
Entre 2008 e 2012, no auge e na recuperação da crise econômica mundial, a indústria cosmética cresceu 4,1%, de acordo com dados da consultoria Bain & Company. Já a de roupas enfrentou queda generalizada nas vendas e obrigou as marcas a expandirem sua operação para países emergentes, como o Brasil.
O grupo francês LVMH, dono das grifes Louis Vuitton e Givenchy, amargou queda de 3% nas vendas no primeiro trimestre de 2010 e só não fechou o ano com déficit devido à venda dos cosméticos. Folha, 23.09.2014.
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