quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Acordo entre dona da Louis Vuitton e Hermès encerra 'guerra das bolsas': Acerto reduz participação da LVHM na marca familiar de luxo e encerra conflito de quatro anos

Ações do conglomerado ligado a Dior e famoso por logotipos saltam 130%; empresa menor festeja independência

ADAM THOMPSONDO "FINANCIAL TIMES", EM PARIS
A LVMH, dona da marca de bolsas Louis Vuitton, abriu mão da batalha pela Hermès e pôs fim a quatro anos de guerra entre o Golias do setor de luxo e sua rival, uma empresa de controle familiar.
A trégua, anunciada nesta quarta (3), parece uma vitória para a família Hermès, que prometeu tirar a LVMH de sua estrutura de capital e ergueu barreiras complexas para manter sua independência.
O acordo dá a Bernard Arnault, homem mais rico da França e presidente da LVMH, uma saída honrosa para reduzir a participação acionária de 23,2% que construiu na Hermès para 8,5%.
O dono das marcas Guerlain, Céline, Fendi e Bulgari ainda saiu no lucro.
A LVMH havia sido multada em € 8 milhões pelas autoridades regulatórias pelo uso que fez de derivativos (tipo de contrato negociado no mercado financeiro) para obter 17% da Hermès em 2010. Agora, a Hermès, comandada por Axel Dumas, concordou em abandonar todas as disputas judiciais pendentes.
Os dois lados se declararam "extremamente felizes por as relações entre os dois grupos, representantes do savoir-faire' francês, terem agora sido restauradas".
A LVMH declarou, quando revelado que ela havia formado uma participação acionária na rival, que se tratava apenas de investimento financeiro. Arnault chamou a Hermès de "companhia magnífica", para a qual tinha só "boas intenções".
Mas a Hermès, famosa pelas bolsas ultrachiques e comandada há seis gerações pela família de Dumas, via no magnata um predador interessado em dividir os 70 acionistas familiares que controlam o grupo e lançou contra ele uma campanha que incluiu declarações equiparando-o a um sedutor que estupra a mulher que deseja.
OPOSTOS
Na França, a rixa era vista como confronto de opostos na moda, setor que movimenta € 217 bilhões ao ano.
A reputação da LVMH vem da ousadia e ambição, com a aquisição incansável de marcas de luxo. As malas, bolsas e acessórios cheias de logotipos da Louis Vuitton, maior geradora de receita da LVMH, são muitas vezes vistas como as chamativas joias de rappers no mundo do luxo.
Já a Hermès se orgulha das raízes familiares e da abordagem artesanal. Sua capacidade de produção menor elevou seus dois modelos mais famosos, as bolsas Kelly e Birkin, ao status de produtos cult entre as consumidoras ricas.
Com o acordo, os investidores da LVMH receberão uma ação da Hermès para cada 21 ações da LVMH que tenham. Os principais investidores do grupo incluem a Christian Dior, com 42% da LVMH, e o grupo Arnault, com 5%. A operação deve ocorrer até 20 de dezembro.
O acordo levou as ações da LVHM a subirem 130% e as da Hèrmes a caírem 3,4%.
"A solução dos conflitos tem uma consequência direta: a redução no apelo especulativo da Hermès, que volta a ser uma companhia de capital aberto normal", disse Luca Solca, analista do Exane BNP Paribas. Tradução de PAULO MIGLIACCI. Folha, 04.07.2014
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